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  canção do dinossauro
    
certeza
   
chuva
  dos canibais estrada força
  incompleto morrer de bem nada
  perto do vício relações exteriores tchécov
  temporário

                                                                                            letras do CD Reco Rock com áudio 

                         

Página inicial

 

 


canção do dinossauro

Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Meu canto
de dinossauro
encantos
de dinossauro
vou desaparecer
como um sáurio
não perca a última chance
conheça
um dinossauro
pessoalmente
sinta meu hálito
a pressão dos meus dentes
enquanto estão quentes

... séculos sobre séculos ...

o vinte e um já vem
e eu já vou
num sossego obsoleto estou
se o mundo já parece um caos
o vinte e um já vem
e eu já vou, tchau...

     

 


certeza
Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Certeza
Verdade
corto a vida ao meio
com olhar de gato
bicho solto vira-lata solitário
sangue-frio
coração acelerado
flor da pele em broto
a vida pulsa pulsa pulsa

Verdade
Certeza
bato com a cabeça na parede
fico verde de ciúme
fixo roxo de vontade
fico rubro de vergonha
fico branco, branco, branco

no escuro corro cego e iluminado
tomo o rumo
do futuro
do desejo
vejo tudo
e o segredo permanece
inviolado, mudo
tomo o rumo
do segredo do futuro
e o desejo permanece
inviolado, mudo

(SEM VERDADE, SÓ CERTEZA
não sei nada de nada)

     

 


chuva
Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 


começo da página de letras

 


Ouço sinto penso
A chuva bate, deixo a chuva fora
Fico aqui comigo mesmo
A chuva quer entrar
O mundo vem se deixar molhar

Fico aqui comigo mesmo
A chuva bate, deixo a chuva fora
Não me mexo, gosto de esperar
Chuva desce, não desiste
Se estatela na janela
Água fria escorre devagar

Piso nas estrelas
Penso em comê-las
Gosto agora do futuro

E seu fresco gosto de fruto escuro
              

 


dos Canibais

Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


canibal dos canibais
devoro dentes
misturo línguas, linguagens
homenageio digestivamente
concilio inimigos mortais numa sopa de gente

osso por osso
chupo a carne, o sangue, o ser
até o caroço
veloz, voraz, avestruz
mastigo gibis e jornais
sampleio idéias e ideais
pra comer no almoço com as estrelas logo mais

não tem senhor
o apetite é minha voz interior
junto o joio e o trigo pra fazer o pão
deixe que o demônio amassa e mete a mão
corto, recorto, liquidifico, viro bicho
recheio petiscos com restos de lixo

(pra que esses olhos tão grandes?
(pra que essa boca tão grande?
(pra que esses dentes tão grande?)

                  

 


estrada
Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

 

 


começo da página de letras

 


Passa boi, passa boiada
passa trem, passa avião
passa doido pela estrada
passa dor, passa aflição
passa muito pensamento
e lá se vão
sumir fumaça
descer barranco
virar capim-limão

Já vou
só tô em casa se tô na estrada
já vou, lado de lá
foi que me chamou
nadou, sumiu poeira
já foi embora
lá fora chão beija céu

Vento leva idéia embora
bagagem, mala de mão
avião que voa baixo
janela de caminhão
coração fresco e escuro
sem fim
porão
o chão daqui se estica até lá
segue em toda direção

                    

 


força

Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


a força é frágil
a força é frágil
a força é um evento momentâneo
em equilíbrio dinâmico
a força é flexível
falível
vulnerável

a força é frágil
a força é frágil
agüenta o choque
vê perdida uma inocência
mitos ocos
ilusões sem conteúdo
a força é pura
não mistura
não pendura
não segura em coisa alguma
a força é dura
como um soco em pleno vôo
como um salto no vazio
a força é frágil
a força é frágil
a força é frágil


a força é frágil
a força é frágil
em movimento a gente passa uns pelos outros
cruza olhares de desejo
sente o curso da viagem perturbado
a força é frágil
a força é frágil
a força sente
a força sente tudo
e absorve a informação mais contundente

a força viva pulsa tensa é uma delícia
cria mitos
pula muros
crê nos novos movimentos
olha o mundo com surpresa
a força é frágil
a força é uma beleza
a força é frágil
a força é uma beleza
a força é frágil
a força é uma beleza
              

 


incompleto
Rodrigo Campello

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Meu amor se foi
nem deixou um bilhetinho para mim
um alô, um telefone ou qualquer coisinha assim
mas esse é o blues
imperfeito e lindo
incompleto e findo
meu amor deixou
o meu travesseiro lá cheirando a jasmim
e o que eu mais queria nem lembrou de esquecer
mas esse é o blues
imperfeito e lindo
incompleto e findo
que calor que faz
tantos fios de cabelo no lençol
como pode haver glamour com esse sol
mas esse é o blues
imperfeito e lindo
incompleto e findo

                 

 


nada
Suely Mesquita

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Não faço nada se não for bem tratada
Não faço nada se não for contratada
Só faço nada se for pelo dinheiro
Não faço nada se for só por dinheiro
Só faço nada se for porque quero
Não faço nada se não for o que eu espero
Sou fascinada pelo nada inteiro
Sou por inteiro pelo tudo do nada
E nada nada vale inteiro por tudo
Um submundo inteiro todo por nada
O mundo inteiro escuta a minha risada
Se não for por inteiro não quero nada

(não faço nada
não quero nada
não digo nada
já sou toda do tudo
inteiro mundo
mudo mas não morro
corro mas não fujo
não sei de nada mas viver é.)

                       

 


morrer de bem
Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Morrer não é defeito
também não é qualidade
morrer é um direito
é um dever
tem que morrer, tem que morrer
Morrer não é problema
também não é solução
morrer não é errado, não
tem que morrer, tem que morrer

Tem que morrer de bem com a vida
não deve ser por falta de comida
não deve ser por falta de presente, futuro
por falta de passado

Sentir que já tá feito
sair pra dar espaço
morrer é um direito
é um dever
tem que morrer, tem que morrer
É bom se for na boa
não deve ser forçado
morrer não é errado não
tem que morrer, tem que morrer

Tem que morrer de bem com a vida
não deve ser por falta de comida
não deve ser por falta de presente, futuro
por falta de passado

                

 


perto do vício
Suely Mesquita e Rodrigo Campello

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Não é isso
procuro e não acho
não é isso
sou livre e não posso
o poço é pouco pra mim
tão profundo
o verdadeiro e o falso

perco o rumo
e volto ao início:
não é isso
acho difícil
passo longe do prazer
perto do vício

que perigo
delícia difícil
que perigo
delícia de vício

pulo o muro
e acho um precipício:
não é isso
volto ao início
passo longe do fazer
fico no delírio

que perigo
delícia difícil
que perigo
delícia de vício
                 

 


relações exteriores
Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 


começo da página de letras

 


Você é um Egito, eu Estados Unidos
Você é uma China, eu, já um Japão
estamos permanentemente
em negociações
a paz é diplomática
um ritual de pressões

Você é pequena e abusada como Cuba
derrubei seus aviões, atingidos na asa
fechei minha embaixada no seu país
expulsei seus diplomatas da minha casa

Ergui um muro de Berlim,
uma Cortina de Ferro
pintei você como um demônio,
uma rainha do Inferno

mas no fim os anos passam
os governos mudam
e lá vamos nós de novo
enterrar uns mortos
encerrar as guerras
convencer o povo
preservar nosso ambiente
reformar nossas terras

Você era uma Alemanha, eu era a outra
agora estamos juntos outra vez
esquecemos certas coisas
nos estranhamos um pouco
e esperamos que isso dure mais de um mês

                      

 


tchékov
Rodrigo Campello

 

 

 

 

 

 

começo da página de letras

 


Eu sempre achei que ela pareceu
vinda de um conto de Tchékov
mas de repente, como ela mesma me mostrou,
ela era puro Bob Marley
mas tanto faz, porque nem tudo que se olha
é tudo que se pode ver
e eram tantas cores diferentes
no seu sangue de mulher

reggae night
le nuage de Genève
o Rio de Janeiro com sol, lá
reggae night
um conto de Tchékov
um pagode chinês

e tinha um avô jamaicano que entrou
para o exército inglês
e um irmãozinho que herdou de sua trisavó
lindos olhinhos de chinês
rara comunhão
tão rara curtição
ela se orgulha do que nem chega a ser
ela no Brasil é loura
ela na Suíça é preta
tanto faz, porque nem tudo que se olha
é tudo que se pode ver.
                   

 


temporário
Rodrigo Campello e Suely Mesquita

 

 

 

 

 

 


começo da página de letras

 


É
noite acabou
manhã
bebo café
todo dia avanço um pouco mais
ganhar praia deserta vou subir com a maré

corro lentamente
a favor do tempo
cresço como plantas e cabelos
sem parar, no seu descanso,
o tempo espera na cadeira de balanço

antigos instrumentos
hábeis mãos que vão
temporariamente decidir
que notas tocar
que coisas dizer
o que deixar pra trás
pra nunca mais
sem parar, no seu descanso,
o tempo espera na cadeira de balanço

um Pixinguinha na cadeira de balanço
um saxofone
tanto faz
isso é bom

eu descanso na cadeira de balanço
o tempo espera por ninguém
isso é bom